Falar em crise dos
partidos políticos e mais incisivamente em “fidelidade partidária” não é uma
questão de interesse meramente privado dos partidos políticos. A questão de
fundo é a forma como nossa democracia representativa funciona, quais seus
problemas e que alternativas temos para melhora-la.
Em nossa democracia os
partidos políticos funcionam como um canal pelo qual os anseios e
reivindicações da sociedade podem alcançar o centro formador da vontade e da
opinião pública. As decisões do Estado são regidas por reivindicações e pressões
exercidas por diferentes grupos sociais, e deve-se garantir que estas sejam introduzidas
no sistema político, esse termina sendo um dos papeis dos partidos.
Porem apesar de ainda
ser essencial para a democracia, esse regime representativo partidário possui
graves problemas e desafios. Entre estes, a falta de base ideológica da maior
parte dos partidos e, consequentemente, a falta de “fidelidade” de seus membros,
apresenta-se como um dos temas centrais para a evolução desse sistema. Pois a
despeito da existência de inúmeros partidos no Brasil, isso não tem significado
na pratica, diferentes posições ideológicas e pretensões a direitos diversos.
Ao contrário, como não
há grande vínculo ideológico, os programas dos partidos tem se tornado vazio e
seus integrantes e lideranças têm se isentado em geral de tomar posições acerca
de assuntos polêmicos, seja para defendê-los, seja para explicitamente negá-los.
Na verdade, poucas vezes os partidos tomam “partido”, o que é incompatível com
a democracia contemporânea de sociedade plural, caracterizada pela existência
de conflitos.
A despeito, dia após dia
surgem novos partidos, não questiono aqui a fundação dos mesmos, mas se não
houver um movimento de religação entre os partidos e suas linhas ideológicas,
com fidelidade partidária, os partidos (todos) estão fadados a serem meras
siglas, que receberam candidatos de eleição em eleição, cujo compromisso não se
estende para além de seus mandatos e benefícios pessoais.
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