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sexta-feira, 24 de maio de 2013

AS RUAS QUE NÃO EXISTEM



O que dizem os “relatórios” de investigação que resultaram em uma ação da PF no Acre nos últimos dias? A resposta é de conhecimento público, são questionamentos sobre ruas que, segundo o “relatório”, foram pagas, mas não existem.

Pois bem, ontem tive a oportunidade de ir a Manuel Urbano, cidade muito citada no “relatório” e pude parar para conversar com a população e amigos de lá acerca dos recentes questionamentos.

Com mapas da cidade e lágrimas nos olhos, pessoas injustiçadas, que exaustivamente apontavam as inúmeras inconsistências do dito “relatório”, estavam realmente preocupadas com a angústia por qual passam inocentes neste momento.

Para quem conhece a cidade de Manuel Urbano como eles, que citam rua por rua, não referenciados pelo Google Maps ou por “relatórios” técnicos, mas pelo nome de cada morador que ali reside. Me fez pensar o quanto a tecnocracia ainda tem de evoluir para compreender o que construir com o povo.

A cada desabafo maior era o sentimento de indignação, lembro bem da frase do professor Coelho também presente a conversa, “a fome mata o corpo, a injustiça mata a alma”. Acredito nas instituições do Estado como a polícia, governo, judiciário etc, mas sempre vou acreditar muito mais no povo que nas ruas é o senhor da verdade!

Cesário Campelo Braga
Secretario Estadula de Juventude do PT

terça-feira, 21 de maio de 2013

Nota JPT em Defesa do Governo do Estado do Acre



A Juventude do Partido dos Trabalhadores, comprometida com a construção de uma sociedade mais justa e democrática, alicerçada nos movimentos sociais de juventude, torna público seu apoio irrestrito ao Governo do Estado do Acre e ao governador Tião Viana neste momento em que adversários do povo acreano tentam tripudiar sobre o projeto politico que mudou a vida de grande parte da população do nosso estado.
Acreditamos na idoneidade de um governo comprometido com o povo acreano, somos taxativos em dizer que assim como o governador Tião Viana, não compactuamos com nenhuma forma de corrupção ou desvio de conduta, e nem com julgamentos prévios. Apoiando nossas posições na Carta Magna, que garante amplo direito a defesa e a presunção da inocência, como valor pétreo, assim como o bem comum acima dos interesses individuais.
Nos solidarizamos com a luta dos onze mil servidores públicos e do Governo do Acre pela manutenção do trabalho de milhares de famílias acreanas. São pessoas que dedicaram a maior parte da vida a servir os Acreanos  de todas as maneiras, pessoas humildes  e comprometidas, merecedoras de seus louros.
Temos fé, em Deus e na justiça, a verdade será reposta e toda ou qualquer manobra pautada na mentira e deslealdade não atingirá um governador integro e trabalhador como Tião Viana. As mentiras serão desmascaradas, as injustiças serão reparadas e o povo acreano continuará a olhar para frente, certo de um presente bom e de um futuro ainda melhor.
Não aceitaremos regressar ao tempo de antigos gestores, que outrora quase levaram o estado à falência financeira e moral, temos a verdade como principal arma neste embate e com ela venceremos. “Sem recuar, sem cair, sem temer!”
Rio Branco, Acre 20 de Maio de 2013

Juventude do Partido dos Trabalhadores - Acre
Socialista Democrática e de Massas

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A crise existencial dos partidos políticos


Falar em crise dos partidos políticos e mais incisivamente em “fidelidade partidária” não é uma questão de interesse meramente privado dos partidos políticos. A questão de fundo é a forma como nossa democracia representativa funciona, quais seus problemas e que alternativas temos para melhora-la.

Em nossa democracia os partidos políticos funcionam como um canal pelo qual os anseios e reivindicações da sociedade podem alcançar o centro formador da vontade e da opinião pública. As decisões do Estado são regidas por reivindicações e pressões exercidas por diferentes grupos sociais, e deve-se garantir que estas sejam introduzidas no sistema político, esse termina sendo um dos papeis dos partidos.

Porem apesar de ainda ser essencial para a democracia, esse regime representativo partidário possui graves problemas e desafios. Entre estes, a falta de base ideológica da maior parte dos partidos e, consequentemente, a falta de “fidelidade” de seus membros, apresenta-se como um dos temas centrais para a evolução desse sistema. Pois a despeito da existência de inúmeros partidos no Brasil, isso não tem significado na pratica, diferentes posições ideológicas e pretensões a direitos diversos.

Ao contrário, como não há grande vínculo ideológico, os programas dos partidos tem se tornado vazio e seus integrantes e lideranças têm se isentado em geral de tomar posições acerca de assuntos polêmicos, seja para defendê-los, seja para explicitamente negá-los. Na verdade, poucas vezes os partidos tomam “partido”, o que é incompatível com a democracia contemporânea de sociedade plural, caracterizada pela existência de conflitos.

A despeito, dia após dia surgem novos partidos, não questiono aqui a fundação dos mesmos, mas se não houver um movimento de religação entre os partidos e suas linhas ideológicas, com fidelidade partidária, os partidos (todos) estão fadados a serem meras siglas, que receberam candidatos de eleição em eleição, cujo compromisso não se estende para além de seus mandatos e benefícios pessoais. 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Nunca julgue um livro pela capa



Sempre dei valor aos ditados antigos da minha avó. Um deles era “ Nunca julgue o livro pela capa. As vezes parece ser uma coisa por fora e por dentro dele pode haver um grande valor”. Com as grandes movimentações da nossa querida impressa incrédula e a oposição golpista, vejo meu partido sendo massacrado. Achei justo e digno o trabalho da PF. Eles estão aí para isso. Eles recebem para isso. 

O que eu acho injusto é a imprensa denegrir o meu partido - com 14 anos de trajetória e com projeto de desenvolvimento que vêm sendo realizados, sonhos que antigamente parecia surreais, como ruas sendo asfaltadas, saneamento básico, casas e escolas e a saúde de primeiro mundo – primeiro mundo sim, comparado ao que era antes, a saúde de Rio Branco deu um grande avanço- , com meias verdades, distorcendo a realidade. A oposição fuleira que nós temos que só serve para fazer gritaria, que só fala baixaria não perdeu a oportunidade. 

Saiba vocês que nossa população, que nossa JUVENTUDE não é cega. Eles olham ao redor e vêm Rio Branco virando uma grande capital, virando um bom lugar de se viver. E nunca iremos desistir desse projeto, nunca iremos desistir do FUTURO do Acre.  “Sem recuar, sem cair, sem tremer”.

Anny Cristinny Souza
Militante de BASE da Juventude do Partido dos Trabalhadores

COMBATER A HOMOFOBIA É DEFENDER A DEMOCRACIA E OS DIREITOS HUMANOS


retirado do site: brasil247.com 


Passadas mais de duas décadas desde sua criação, o Dia Mundial de Combate à Homofobia será marcado, esse ano, por lamentáveis ameaças de retrocesso aos direitos arduamente conquistados pela população LGBT no Brasil.Em 17 de maio de 1990, a Assembleia Mundial da Saúde - principal órgão controlador da Organização Mundial da Saúde (OMS), retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID). O fato, que significou um enorme avanço para o reconhecimento da cidadania LGBT, ficou consagrado no calendário das lutas sociais como o Dia Mundial de Combate à Homofobia. Posteriormente, o Estado brasileiro e o Distrito Federal também instituíram a data nos calendários nacional e distrital.
A eleição do Pastor Marco Feliciano - conhecido por suas declarações racistas e homofóbicas - para presidir a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e a revogação do Decreto que regulamentaria a Lei Distrital 2.615/2000 são exemplos simbólicos de uma ofensiva conservadora que vem ganhando espaço em todas as esferas da sociedade.
Além de negar o direito à cidadania a uma parte da população, expressando um profundo desprezo à própria democracia, setores fundamentalistas insistem em impor suas crenças e dogmas particulares ao conjunto da sociedade, apropriando-se da fé de seus "irmãos" para usá-la como barganha em seu projeto de poder. Numa lógica obscurantista, ao tempo em que se posicionam contrários à união civil entre pessoas do mesmo sexo e à criminalização da homofobia, defendem ardorosamente propostas como a da "bolsa estupro" - contida no PL 478/2007 - que visa instituir o estatuto do nascituro, e da "cura gay" - que pretende "reincorporar" a homossexualidade à CID, sugerindo a "conversão" de pessoas homossexuais à heterossexualidade.
Se, por um lado, o Executivo Federal conseguiu implementar algumas políticas que promovem a cidadania LGBT, a exemplo da realização de duas Conferências Nacionais e da elaboração de um Plano de políticas para o segmento, por outro, a articulação das forças conservadoras no Congresso Nacional tem conseguido barrar projetos importantes, como PLC 122, que está em tramitação desde 2007. O Projeto, que propõe a criminalização da homofobia no Brasil, ganha ainda mais relevância diante das estatísticas da violência contra a população LGBT.
Segundo dados da SDH, nos primeiros 11 meses de 2012, o Disque 100 já havia recebido 2.830 denúncias de violência homofóbica. Somado aos casos registrados pelas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAM's) e pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o número de denúncias chegou a 6.809 casos no mês de novembro, tendo sido o DF a Unidade da Federação com maior número de registros, proporcionalmente à sua população. Em relação à violência letal contra a população LGBT, houve um aumento de 27% dos homicídios em 2012, em comparação ao ano anterior. O Brasil é hoje, vergonhosamente, o líder mundial do ranking de homicídios contra homossexuais, sendo que os 338 assassinatos de LGBT ocorridos ao longo do último ano representam 44% das execuções mundiais.
Ou seja, enquanto verificamos um cenário claro de retrocesso na garantia e defesa dos direitos fundamentais da pessoa humana - consequência da ação de grupos conservadores-, observamos também, concretamente, a existência de demandas reais, como os dados de violência homofóbica, que exigem uma resposta efetiva do Estado para todos aqueles que foram ou poderão vir a ser vítimas da violência baseada em preconceitos e discriminação em razão da sua orientação sexual.
Estes fatos e estes dados é que devem ser orientadores da ação estatal - aí incluídas as políticas públicas e a elaboração legislativa - na busca pela promoção da cidadania e pela garantia dos direitos humanos para todos, sem distinções. O presente momento nos convoca, portanto, a reafirmar a democracia, a laicidade do Estado, e os direitos humanos, que são fundamentos de nossa Constituição Federal.
Não podemos permitir que o Brasil se transforme numa República de Talibãs. Por isso, nesse dia 17 de maio, quando formos às ruas reivindicar a erradicação da homofobia, também precisamos elevar nossas vozes pelo fim de todas as formas de preconceito, violência e discriminação.
Escrito por: Arlete Sampaio

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Sem recuar, sem cair, sem tremer



Esses últimos episódios relacionados à operação da Policia federal em nosso estado tem sido manipulados pela imprensa golpista e por integrantes da oposição para denegrir a imagem de um projeto político que possibilitou as grandes transformações do nosso estado nestes últimos 14 anos. Este projeto sobre o qual tentam tripudiar transformou o Acre, é a alto estima do povo acreano, e não podemos permitir que injustiças sejam cometidas.

Esse projeto reescreveu a historia de nosso estado que até então era marcado por gestões que praticaram verdadeiro assalto aos cofres públicos, ingerências administrativas, sucateamentos das instituições publicas, das policias e órgãos investigações e fiscalização, elas eram marcadas pelo atraso nos pagamentos de salários de servidores e por terem deixado o Acre conhecido por seus grupos de extermínio e assassinatos de lideres de movimentos sociais; um estado totalmente desolado com um povo sem perspectiva.

Este foi o estado que esse projeto político que tentam denegrir encontrou quando chegou à gestão, e após 14 anos muitas são as mudanças que podem ser observadas, olhe ao seu redor, temos um estado que vem mudando e que continua avançado, um povo com orgulho e que acredita neste projeto, que vê dês o asfalto que esta chegando aonde nem se sonharia, a casa sendo entregue ao morador das áreas de risco.

Porem mesmo diante disso tudo e diversas outras melhorias para a população vemos integrantes da oposição e da mídia golpista, tentando colocar esse projeto em cheque, tentando destruir um projeto que representa a esperança de um futuro cada vez melhor para nosso estado, e não vamos recuar, enquanto houver mudanças para serem feitas, lutaremos até o fim para manter esse projeto em curso, “sem recuar, sem cair, sem tremer”.

Ieve Terranova
Militante do Partido dos Trabalhadores 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

13 de Maio: A luta contra o racismo, opressão e exploração continua


No dia 13 de maio completam-se 125 anos da assinatura da chamada “Lei Áurea” que aboliu a escravidão no Brasil. É uma importante data para todo o povo brasileiro e por isso de fundamental importância a compreensão deste episódio. A herança deste período marca a formação econômica e social de nosso país com reflexos até hoje.

A escravidão moderna nas Américas nasceu da necessidade de mão de obra intensa para a exploração agrícola intensiva das Américas,, era o desenvolvimento das navegações e a procura de novos mercados da nascente burguesia que culminaram na revolução industrial, ou seja, o período de acumulação inicial do capital. A burguesia precisava explicar “cientificamente” porque mesmo após a Revolução Francesa com as bandeiras de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, seres humanos eram comercializados e tinham sua liberdade roubada. Desde o início, o racismo é fundamentado na afirmação que a espécie humana é dividida em famílias raciais. O racismo é uma ideologia fundamentada em pressupostos subjetivos e, hoje sabemos, completamente anticientíficos, para justificar uma exploração e opressão injustificáveis, e seu nascedouro é o sistema capitalista. O racismo não existia antes do capitalismo.

Mas não foi somente o desenvolvimento e as transformações no velho mundo que levaram à abolição no Brasil. Já vinha de longe a luta contra a pilhagem, exploração e opressão. Vinham de longe as lutas dos quilombos, em especial a luta de Zumbi em Palmares, revoltas dos jangadeiros do Ceará, pela Cabanagem, Balaiada, Sabinada, Revolta dos Malês, as fugas das senzalas como de Cosme Bento, os tipógrafos abolicionistas do Rio de Janeiro e São Paulo, a significativa contribuição dos Caifazes e dos ferroviários da antiga Santos-Jundiaí em São Paulo e as leis contra a escravidão, Lei Sexagenária, Lei do Ventre Livre. A abolição foi fruto do primeiro grande movimento popular nacional.

Após a abolição, os ex-escravos, em sua grande maioria lavradores, foram expulsos da terra e seu destino era a sobrevivência em quilombos ou nas periferias das grandes metrópoles, ou então o trabalho na lavoura. Foram estas condições materiais de subsistência que consolidaram o ciclo perverso da pobreza e da miséria na qual vive hoje a maioria da população negra do país.

Os socialistas lutam pelos interesses imediatos e históricos do proletariado e em todas as etapas destes combates sempre encontram o desafio de construir a unidade dos oprimidos e explorados diante dos obstáculos criados pela própria sociedade de classes. Obstáculos que são muitas vezes verdadeiras armadilhas, principalmente ideológicas, que a burguesia cria com o objetivo de manter a sua dominação de classe e evitar a revolta dos oprimidos.

Desde o início dos anos 1970, uma nova “teoria” que se propõe a “combater” o racismo é desenvolvida de forma ampla nos EUA. Mesmo que as primeiras cotas raciais, ou “ações afirmativas”, tenham sido utilizadas na Índia, logo após a independência, como as reservas de vagas nas escolas e estabelecimentos públicos para os chamados intocáveis (dahlits), foi com Lindon Johnson e com Nixon que surgem as políticas afirmativas (cotas, etc.) como política de governo nos EUA. Era uma reação às mobilizações pelos direitos civis (movimentos democráticos que exigiam igualdade de direitos) que mobilizavam milhões no início dos anos 60.

Essa política tem como centro a aplicação de cotas ou reservas de vagas nas universidades públicas, no serviço público, empresas, programas de televisão, etc., para negros. Chamadas de “ações afirmativas”, estas políticas nada têm a ver com as reivindicações dos trabalhadores, ou com reivindicações democráticas. Elas se destinam a perpetuar a competição inerente ao sistema capitalista e transforma o proletário em cidadão da corporação cotista sem ligação com sua classe ou origem social.

O imperialismo tenta inventar uma nova forma de evitar a revolta negra, portanto proletária. A partir de fundos de uma das grandes empresas mundiais foi constituída a Fundação Ford com objetivo de promover a “igualdade de oportunidades” (que nada tem a ver com a igualdade de direitos), como principal “doadora” de bolsas para pesquisa que “fundamentem” essas políticas e reneguem a luta de classes, transformando-a em “luta racial”.

Agora existe uma indústria e uma forma de promover alguns negros. Revistas para negros, universidade para negros, shampoo para negros, cosméticos especiais para negros, remédios especiais para negros, pois existiriam até mesmo doenças “de negros”. Até isto é uma falsificação científica, pois a “doença de negro”, a anemia falciforme, aparece em todos os povos que sofreram a malária por vários séculos, sejam eles africanos ou asiáticos ou qualquer outro.

Esta “indústria negra” tem acima de tudo um objetivo político: tentar criar uma classe média negra integrada ao sistema capitalista e que o defenda já que a imensa massa de negros nada tem a perder neste sistema a não ser seus próprios grilhões. As verdadeiras e duradouras conquistas dos negros do Brasil estão intimamente ligadas às conquistas da classe trabalhadora.

A abolição da escravidão, portanto o 13 de maio deve ser comemorado como conquista da luta do povo brasileiro e utilizado como um “Dia de Denúncia” das atuais condições objetivas de vida da população negra e pobre. E a escravidão a ser derrotada agora é do sistema capitalista e seu regime de guerras, miséria, opressão e exploração que usa o racismo para dividir e reinar.

“Racismo e capitalismo são as duas faces da mesma moeda” (Steve Biko)

Retirado do site: marxismo.org.br

quarta-feira, 8 de maio de 2013

As responsabilidades da esquerda

Emir Sader



A crise atual do capitalismo, além de confirmar, de maneira inequívoca, o caráter antissocial desse tipo de sociedade, coloca desafios que a esquerda não se tem mostrado à altura de enfrentar. Quando, na Europa – o berço da esquerda, como a conhecemos até agora –, a crise não tem levado ao fortalecimento da esquerda – revolucionária, radical ou até mesmo reformista –, mas o da extrema-direita, temos a dimensão da incapacidade da esquerda de se erigir como alternativa de massas ao capitalismo em crise.

Em alguns países, a esquerda predominante – socialdemocrata, que já havia aderido a modalidades do neoliberalismo – aplica políticas de austeridade e é derrotada – como são os casos da Espanha e de Portugal –, correntes radicais da esquerda não avançam, enfim, todas são derrotadas. Mesmo quando chegam a avançar – como agora na Espanha ou na Grécia –, não têm força suficiente para se erigir como alternativa, ou porque sozinhas não têm maioria ou porque não conseguem organizar um bloco de forças que possa se tornar hegemônico – também pela ojeriza a alianças políticas.

Mesmo na América Latina, a esquerda ter sido de novo derrotada no México, um país despedaçado entre décadas de governos neoliberais, violência do narcotráfico, corrupção, é uma derrota de proporções. Mas nem por isso se vê um balanço autocrítico da esquerda. Quando o país começa a enfrentar, tristemente, outros seis anos de governos de direita, em que o retorno do PRI sucede ao fracasso de dois mandatos do PAN, ao invés de alternativas de esquerda, o tom das manifestações é ainda o da denúncia dos governos da direita, sem a correspondente análise de por que a esquerda não conseguiu, nesses anos todos, se erigir como força hegemônica – mais além das reiteradas e justas denúncias das fraudes eleitorais.

Da mesma forma, o alerta dos resultados eleitorais apertados na Venezuela tem que ser respondido com a denúncia dos planos da direita – não se pode esperar outra coisa de uma direita que já tentou um golpe e é apoiada abertamente por Washington. Mas também tem de ser acompanhada do balanço da perda de apoio do governo, dos erros que levaram a isso e das formas de retificar e avançar.

Às vezes a esquerda – especialmente seus setores mais radicais, partidários e intelectuais – não tomam as derrotas da esquerda como suas derrotas. A culpa é do “reformismo”, da “traição” de outras forças, das manobras da direita etc., etc. Mas por que as radicais não crescem, não aparecem como alternativas? 

Em parte, porque se limitam às criticas, às denúncias, em parte porque muitas vezes recaem no receituário liberal, de concentrar suas denúncias nos temas da corrupção – atitude típica no México e no Brasil –, ao invés de centrar as denúncias e a construção de alternativas na luta contra o neoliberalismo e pela sua superação. 

Quem analisa o cenário mundial, com a prolongada e profunda crise do capitalismo – especialmente no seu centro, mas em tantos outros países, de que o México é um exemplo latino-americano –, poderia esperar um fortalecimento da esquerda – radical ou moderada. É uma grave derrota da esquerda perder uma oportunidade como essa crise mundial do capitalismo para aparecer como alternativa – antineoliberal ou anticapitalista.

Nesse cenário se deve valorizar ainda mais os passos dados por governos latino-americanos para superar os neoliberais, com modalidades mais moderadas ou mais radicais, mas suficientes para que esses países não tenham entrado em recessão e tenham continuado a avançar no combate à desigualdade, à miséria e à pobreza, mesmo em meio à crise internacional e seus reflexos em cada país.

Retirado do Site: cartamaior.com.br