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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ética Para a Nova Era



Por Leonardo Boff

Nenhuma sociedade no passado ou no presente vive sem uma ética. Como seres sociais, precisamos elaborar certos consensos, coibir certas ações e criar projetos coletivos que dão sentido e rumo à história. Hoje, devido ao fato da globalização, constata-se o encontro de muitos projetos éticos nem todos compatíveis entre si. Face à nova era da humanidade, agora mundializada, sente-se a urgência de um patamar ético mínimo que possa ganhar o consentimento de todos e assim viabilizar a convivência dos povos. Vejamos, sucintamente, como na história se formularam as éticas.

Uma permanente fonte de ética são as religiões. Estas animam valores, ditam comportamentos e dão significado à vida de grande parte da humanidade que, a despeito do processo de secularização, se rege pela cosmovisão religiosa. Como as religiões são muitas e diferentes, variam também as normas éticas. Dificilmente se pode fundar um consenso ético, baseado somente no fator religioso. Qual religião tomar como referência? A ética fundada na religião possui, entretanto, um valor inestimável por referi-la a um último fundamento que é o Absoluto.

A segunda fonte é a razão. Foi mérito dos filósofos gregos terem construído uma arquitetônica ética fundada em algo universal, exatamente na razão, presente em todos os seres humanos. As normas que regem a vida pessoal chamaram de ética e as que presidem a vida social chamaram de política. Por isso, para eles, política é sempre ética. Não existe, como entre nós, política sem ética.

Esta ética racional é irrenunciável mas não recobre toda a vida humana, pois existem outras dimensões que estão aquém da razão como a vida afetiva ou além como a estética e a experiência espiritual.

A terceira fonte é o desejo. Somos seres, por essência, desejantes. O desejo possui uma estrutura infinita. Não conhece limites e é indefinido por ser naturalmente difuso. Cabe ao ser humano dar-lhe forma. Na maneira de realizar, limitar e direcionar o desejo, surgem  normas e valores. A ética do desejo se casa perfeitamente com a cultura moderna que surgiu do desejo de conquistar o mundo. Ela ganhou uma forma particular no capitalismo no seu afã de realizar todos os desejos. E o faz excitando de forma exacerbada todos os desejos. Pertence à felicidade, a realização de desejos mas, atualmente, sem freios e controles, pode pôr em risco a espécie e devastar o planeta. Precisamos incorporá-la em algo mais fundamental.

A quarta fonte é o cuidado, fundado na razão sensível e na sua expressão racional, a responsabilidade. O cuidado está ligado essencialmente à vida, pois esta, sem o cuidado, não persiste. Dai haver uma tradição filosófica que nos vem da antiguidade (a fábula-mito 220 de Higino) que define o ser humano como essencialmente um ser de cuidado. A ética do cuidado protege, potencia, preserva, cura e previne. Por sua natureza não é agressiva e quando intervém na realidade o faz tomando em consideração as consequências benéficas ou maléficas da intervenção. Vale dizer, se responsabiliza por todas as ações humanas. Cuidado e responsabilidade andam sempre juntos.

Essa ética é hoje imperativa. O planeta, a natureza, a humanidade, os povos, o mundo da vida (Lebenswelt) estão demandando cuidado e responsabilidade. Se não transformarmos estas atitudes em valores normativos dificilmente evitaremos catástrofes em todos os níveis. Os problemas do aquecimento global e o complexo das varias crises, só serão equacionados no espírito de uma ética do cuidado e da responsabilidade coletiva. É a ética da nova era.

A ética do cuidado não invalida as demais éticas mas as obriga a servir à causa maior que é a salvaguarda da vida e a preservação da Casa Comum para que continue habitável.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Opinião - O sucesso de uma política de inclusão socia


Contrariando a cartilha neoliberal, que aconselhava o aperto monetário e o corte dos programas sociais, os Governos de Lula e Dilma acertaram quando resolveram investir em programas que possibilitaram a inserção social e a melhoria do padrão de vida de milhões de brasileiros.
Faço um elogio às conquistas destes Governos pelos bons indicadores sociais, reflexo da implementação corajosa de suas políticas de inclusão. Eles tiveram a coragem de contrariar a determinados dogmas de pensadores e de governantes que trilhavam unicamente o caminho da exclusão e do exílio de milhões de brasileiros, deixando-os à margem da economia, da política e da cidadania.
Em nossos governos a maior conquista na área social foi a inclusão de mais pessoas a cada ano no mercado de consumo. Segundo dados da FGV a classe E composta por pessoas que vivem com até R$ 804,00 mês, ou que vivem abaixo da linha de pobreza; em 2003 eram 30 por cento dos brasileiros, hoje são apenas 18%. Uma redução em 40% do número de pessoas que viviam em pobreza extrema, no Brasil.
Para a classe D, que é composta por pessoas que vivem com renda entre R$ 804,00 e R$ 114,00 também houve uma melhora: em 2003 eram 16,3%, hoje são apenas 13,5%. Foram 16% dessas pessoas ascenderam na pirâmide social.
A redução da quantidade de pobres no Brasil não se deu pelo extermínio nem pelo exílio, os brasileiros ficaram no país e o reflexo na melhora é o crescimento no número de pessoas que ascenderam à classe média: Em 2003, a claase C era composta por 42% dos brasileiros, hoje são 53%.
E para mostrar que nosso governo não é bom somente para os pobres a quantidade de ricos também aumentou em nosso país: em 2003 as classes A e B correspondiam a 11,12% dos brasileiros, hoje as duas classes juntas equivalem a 15,08%.
Dados da FGV e da pesquisa PNAD (IBGE), tomando por base 2001 até 2009: podemos afirmar que entre 2001 e 2003, houve um aumento na quantidade de pobres no Brasil, quando a partir de 2003 essa curva se inverte segue a mesma tendência calculada pela FGV.
A taxa de desemprego no Brasil nunca esteve tão baixa. Ha quanto tempo era para nós um sonho uma taxa de desemprego de apenas um dígito? Hoje, além de um dígito, ela está em torno de 6%, enquanto taxa de desemprego nos Estados Unidos e em média para os países da União Européia está por volta de 9%.
A política de valorização do salário mínimo contradiz aqueles que consideram danoso para a economia uma valorização real do salário, sob pena de gerar inflação e desemprego, ao contrário disso, o desemprego tem diminuído, a inflação está relativamente sob controle e a economia cresce. Nesses últimos oito anos a valorização nominal do salário mínimo foi de 237,7%.
Além disso, enquanto cresce em números absolutos a população empregada no Brasil e cai a utilização de mão de obra infantil para números estatisticamente pequenos, em 2002, segundo dados da PNAD mais de 5% da mão de obra era de crianças entre 10 e 15 anos, enquanto hoje se observa apenas 1,36%. E tenho certeza que a meta do governo é levar essa estatística a zero.
Registre-se que os jovens estão entrando mais tarde no mercado de trabalho. Isso permite que mais crianças e jovens estejam em sala de aula, não sendo obrigados a largar ou reduzir o tempo de estudo para ir à luta pela sobrevivência no mercado de trabalho.
A taxa de analfabetismo caiu em 10 anos, entre 1999 e 2009 de 13,3% para 9,6%. No mesmo período, para crianças entre 10 e 14 anos caiu de 5,5 para 2. A escolaridade média dos brasileiros acima de 25 anos subiu de 5,7 anos para 7,2 anos. Isso são evidências bem objetivas para um país que quer crescer. E a educação é condição cinequanon para atingir a esse objetivo.

Ideologias, Estado e Governo

Por quase dois séculos, a esquerda no mundo todo pregou o pensamento Marxista sobre a divisão da sociedade em classes sociais. Essa divisão apontando para as classes Burguesa e Operária representam a luta constante entre o Conservadorismo e a Revolução, tal antagonismo inconciliável determina por si só a forma de Governo e de Estado.

Operários, Camponeses, Classe Média e outros setores da sociedade apostaram em Lula para presidir o Brasil por duas vezes e agora na Presidenta Dilma, que espero ser este seu primeiro mandato. Esta decisão vai além de um bom governo, ela aponta também para uma mudança na estrutura de Estado.
A elite brasileira que domina nosso país por séculos, deixando milhões de brasileiros à margem da economia e também da política, sabe que tal situação não poderá mais perdurar. O atraso econômico, a submissão política, o subdesenvolvimento entre outras mazelas deverão ser coisas do passado e apenas registro nos livros de história.
Temos ainda 17 milhões de brasileiros vivendo em condições sub-humanas, mas a Presidenta Dilma já lançou um conjunto de medidas para ainda neste mandato zerar este problema, garantindo vida de qualidade para todos indistintamente. O principal programa do nosso governo é o “Brasil Sem Miséria” que já está em implantação.
Nossa economia cresce, as contas públicas estão bem gerenciadas, a inflação está sob controle, cresce a industria, a agricultura, a escolaridade dos jovens, o respeito nacional frente ao mundo, pagamos o FMI, estamos fortalecendo o Mercosul, a Unasul e outras alternativas comerciais e muitas outras ações de sucesso em todo o território nacional.
Caminhamos a passos largos na direção da justiça para todos, da igualdade racial, superando o preconceito de cor, gênero e credo, queremos a segurança, a igualdade de direitos, e a plena cidadania.
Nosso trabalho não se limita a aumentar a renda e o pão na mesa dos mais necessitados, o povo não quer só comida, o povo quer também participar das tomadas de decisão, quer opinar o povo quer o poder! Portanto, nosso trabalho é também e acima de tudo a construção de um projeto social, é POLITICO.
Dessa forma, entendo que o Partido dos Trabalhadores, os partidos da coalizão de governo tem a tarefa de pensar, elaborar, propor e disputar os ideais, sonhos e as políticas públicas na sociedade e nas organizações de Estado e de governo para conduzir o Brasil como um país rico, feliz, fraterno e solidário.
O povo brasileiro, o povo das nações do hemisfério Sul, quer agora seu espaço na mesa que se Deus quiser, estará cada vez mais farta. A mesa retangular para a comida e a mesa redonda para as tomadas de decisão política.
Sibá Machado – Deputado Federal PT/Acre