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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Democratização ou mercantilização da política


O neoliberalismo se propõe a transformar tudo em mercadoria. Que tudo tenha preço, que tudo se possa comprar e vender. Essa proliferação do reino do dinheiro chegou em cheio à política. E o financiamento privado das campanhas eleitorais é a porta grande de entrada, que permite que o poder do dinheiro domine a política.


Dados concretos mostram como as campanhas com maior quantidade de financiamento tem muito maior possibilidade de eleger parlamentares. E que o Congresso está cheio de bancadas corporativas – de ruralistas, de donos de escolas particulares, de meios de comunicação, de donos de planos de saúde, entre tantos outros – que representam os interesses minoritários em cada setor, que se elegeram graças a campanhas que dispõem de grande quantidade de recursos econômicos.



O Executivo representa o voto da maioria da sociedade. O Congresso deveria representar sua diversidade, tanto a maioria como a minoria, assim como os diversos setores presentes na sociedade. Basta ver o tamanho da bancada ruralista – que representa a ínfima minoria da população do campo, os donos de grandes parcelas de terra – e a representação dos trabalhadores rurais – 3 parlamentares para representar a grande maioria da população do campo – para se ter ideia da distorção que a presença determinante do dinheiro representa para definir a representação parlamentar. O Congresso termina representando a minoria que dispõem de dinheiro para se eleger e não espelha a realidade efetiva da sociedade. Terminam decidindo em nome de todos, mesmo com essa representação distorcida.



Por isso eles defendem com unhas e dentes o financiamento privado de campanha, que representa a tradução em representação política de quem tem mais dinheiro e não da vontade política soberana do conjunto da sociedade. O PMDB até chega a dizer que abre mão do financiamento público para cargos majoritários, mas não cede nas eleições parlamentares, de onde tira seu poder de barganha.



Alega-se que seria o livre direito de colaborar com dinheiro para quem se quer. Mas é um direito de quem tem dinheiro – dos bancos, das grandes empresas nacionais e internacionais, da velha mídia, - e não da esmagadora maioria da população, que fica expropriada desse direito.



O financiamento público de campanha é uma reivindicação da democracia, uma condição para que exista um Congresso representativo da sociedade brasileira, da vontade popular. Lutar por ela é lutar para que tenhamos uma vida para chegar a uma sociedade verdadeiramente democrática no Brasil.

Emir Sader - Retirado do Blog do Emir do Site cartamaior.com.br

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

EDUCAÇÃO PARA LIBERDADE


A educação sob a perspectiva do capitalismo apresenta-se como uma imposição de cultura, falo em cultura por entender que ela que norteia as decisões dos homens, vista aqui como um conjunto de valores arraigados no individuo consciente e inconscientemente apreendidos, a cultura resulta da história de relações que se dão entre os próprios homens e entre estes e o meio ambiente;

Como essa imposição dá-se por meio de sua replicação, um dos veículos mais eficazes é a educação formal, dentro dessa educação sistêmica busca-se uma uniformização da realidade, são negadas as diferenças e não se tem um olhar para as regionalidades, para as culturas e seus diversos matizes.

Essa educação uniformizada prima por atingir uma “igualdade de aparências”, de costumes e por que não dizer de traços físicos e culturais; Norteada pelo padrão dos grupos hegemônicos, temos uma educação de cabresto, pronta a cegar a sociedade, e fazê-la cometer os mais sutis enganos, ao ponto da sociedade crer que uma criança tornar-se "marginal" por ser dotada de má índole (ela tem sangue ruim), ocultando as relações sociais de exclusão, que influenciam toda ação. 

Essa educação segmentada nos forma, e deforma, em trabalhadores calados e submissos, perpetuando-se assim o consumismo desenfreado das classes mais abastadas e as desigualdades sociais; São pacotes fechados de “educação”, onde não cabem acréscimos e que devem ser seguidos à risca, como se o ato de apreender se assemelhasse a uma receita de bolo, se pega a historia escrita pelas classes dominantes, acrescenta-se uma pitada de matemática, um pouquinho de religião para manter o conformismo, geografia para demonstra a importância da dominação humana sobre a natureza, separa-se tudo em porções pequenas, dadas separadas, pois dentro de um mundo dito globalizado, ainda temos uma educação que faz pensar a realidade em pedaços, frações de um inteiro, quando na verdade deveríamos ver o inteiro e só depois pensar em tentar fracioná-lo, assim não escondendo nessas frações detalhes que os ligam intrinsecamente.

Esse individuo que essa educação forma, ou conforma, ou melhor deforma, é treinado para replicar, não lhe é dado o direito de questionar, a chance de construir, contribuir, tudo que ele sabe, que aprendeu fora desse sistema, que seus pais lhe ensinaram, que as gerações de seu povo utilizavam, não passa de nada, não é conhecimento é sub-cultura deve ser abandonado, pois não é cientifico.

Mas o que é cientifico? Nada mais do que aquilo que a sociedade cientifica considera que o é. Não se questiona aqui a leis gerais da física, mas sim o por que dentro desse sistema temos de se submeter a um empregador que nos faz trabalhar 08 horas diárias e que obtém seu lucro na exploração de meu trabalho!, porque tenho de estudar a formação do continente europeu e não a do africano? Quem deu o direito para um homem ser o dono do mundo? Não uniu-se o homem em sociedade para a sobrevivência da espécie? Porque essa mesma sociedade quer acabar com ela mesma agora em beneficio de pequenos grupos de interesses!

Pensar a educação desse modo é negar a capacidade do ser humano de ser diferente, lhe dizer que os modos de aprender devem ser os mesmo para todos e que todos devem aprender as mesmas coisas, é matar a capacidade inventiva do homem, a educação não deve prender, ela é a liberdade ela é uma mistura do que eu sei com o que você sabe acrescida da impossibilidade probabilística de não se saber o que vai dá. Uma “educação para a liberdade” onde não haveria uma cultura hegemônica para que as outras fossem apenas termos acessórios, que são incluídos apenas quando convém, como acontece atualmente, seria a salvação para a terra, pois a uniformização mata e a diversidade é vida!

Precisamos de uma educação diferente, que conheça a realidade dos indivíduos, que os auxilie, que lhe de uma oportunidade de crescer social e profissionalmente, que vá muito além de dados quantitativos, ela deve ser a descoberta do dia a dia, deve ser um espaço onde possam haver trocas de experiências entre gestores, professores, alunos, entre seres humanos, uma educação com responsabilidade social, uma escola que seja chamada de lar, para onde o aluno queira ir, onde o professor se orgulhe de trabalhar, uma educação publica e de qualidade como rege a constituição federal brasileira.