Os
mais novos heróis da causa palestina não são homens jovens corpulentos atirando
pedras ou empunhando armas automáticas. Eles são adultos magros, com os pulsos
acorrentados, passando fome dentro das prisões israelenses.
A
cada dia desde 17 de abril, um grande número de prisioneiros palestinos tem se
juntado a uma greve de fome que as autoridades dizem agora contar com mais de
1.500 participantes.
Dois prisioneiros em greve de fome há mais tempo, apareceram
em cadeiras de rodas perante a Suprema Corte de Israel, implorando por sua
soltura do que é conhecida em Israel como detenção administrativa - prisão sem
acusações formais. “Eu sou um homem que ama a vida e quero viver com
dignidade”, depôs, Thaer Halahleh, 33 anos, segundo um grupo de
defesa que contava com um apoiador no tribunal. “Nenhum ser humano pode aceitar
permanecer na prisão, nem mesmo por uma hora, sem uma acusação ou motivo.”
Os prisioneiros exercem um papel
emocional e político crucial na cultura palestina. Virtualmente toda família já
foi tocada pelo encarceramento, dizem os especialistas, e há um senso visceral
de fidelidade às pessoas vistas como sofrendo pelos direitos da comunidade
maior. Os prisioneiros são altamente organizados e influentes até mesmo do lado
de fora.
“Há uma verdadeira transformação na forma
como os prisioneiros estão atuando - desta vez, as pessoas estão dispostas a
morrer”, disse Hanan Ashrawi, membro do Comitê
Executivo da Organização para a Libertação da Palestina, em uma recente
entrevista. “Veja, os palestinos podem estar quietos por ora, mas eles podem
explodir. Há uma crescente percepção de que uma resistência não violenta obtém
resultados.”
Greve de fome por prisioneiros palestinos não é uma tática
nova. Segundo o Projeto
de Solidariedade Palestina, a tática foi usada pela primeira vez na prisão
de Nablus, em 1968, e foi
repetida pelo menos 15 vezes desde então, com três homens morrendo ao longo dos
anos. Qadura
Fares, o chefe do Clube dos Prisioneiros Palestinos,
disse que em 2004 virtualmente todos os palestinos mantidos em prisões
israelenses participaram de uma greve de duas semanas, e que o maior número já
registrado foi 11 mil prisioneiros em 1992.
“Esta é a última arma”, disse Aziz sobre a greve. “Se algum
prisioneiro perder a vida, nem Israel e nem a Autoridade Palestina conseguirão
deter o povo palestino.”
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