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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Falando de cotas e liberdade



“A primeira igualdade é a justiça”
 Victor Hugo

Quando o assunto é igualdade racial a sensação é de censura, uma pauta de discussão que não podemos exercitar. Parece até que somos proibidos de falarmos da sensação que não somos todos ‘’iguais’’. Trata-se de uma irreal sensação de igualdade que cenicamente outros tantos querem evidenciar.

Porém, as distorções e desproporções que existem no Brasil são notórias, principalmente quando o assunto é a oportunidades de ingresso no ensino superior. Em um universo de 190 milhões de brasileiros, 58,3% se afirmam negros ou pardos, porém quando olhamos para as universidades apenas 2% dos alunos matriculados se afirmam negros.

Dados tão alarmantes são consequências de uma história escrita por senhores de engenho, sempre tão ingratos com essa nação de pele negra que chamam de brasileiros, mas para os quais o Brasil sempre virou as costas.

Este povo que representa a “cara” do Brasil, uma expressão fortíssima ao nosso país, são os mesmos que foram roubados de uma realidade existencial, cultural e religiosa para serem lançados á própria sorte, ao bel prazer da “liberdade”.

Livres? Não, libertos! Simplesmente soltos, como se fossem animais que estavam em jaulas e agora lhes é ofertada uma suposta “liberdade”. Uma “liberdade” sem condições, disputando a sobrevivência com aqueles para os quais toda a lógica possível da sociedade funcionou ao longo dos anos.

Temos assim, ainda hoje, os netos de colonizadores que estudam nas melhores escolas da Europa, da América ou do Brasil (tanto faz agora é tudo globalizado), competindo contra os netos “libertos da senzala” que se perguntam diariamente: Como posso competir assim? Estamos mesmo em condições de igualdade? Eu sou mesmo livre?

As cotas não reduzem as diferenças sociais e econômicas entre negros e brancos, mas possibilitam que tal parcela da população alcance uma universidade, fato que há alguns anos (e mesmo hoje em dia) era sequer cogitado por uma grande parcela da população afrodescendente.

Sou negro, de nome Abimael Lima Santos, 22 anos e 04 meses de vida completos, socialista, acadêmico de direito, acreano natural de Cruzeiro do Sul, coordenador nacional do Fórum de Juventude Negra
coordenador da Rede Amazônia Negra/Acre, Coordenador da CONEN/ACRE, militante do Movimento Negro e do Partido dos Trabalhadores.

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