Por Helder Quiroga*
O mundo vem passando por diversas transformações
que englobam desde o avanço das novas tecnologias às formas de apreensão de
conhecimentos através das redes sociais e movimentos político culturais. Novas
concepções territoriais estão sendo criadas a partir da aproximação entre
culturas proporcionadas pelos avanços no campo da comunicação através da
internet, do aprimoramento das telefonias móveis e principalmente da
necessidade de diálogo entre os povos.
A capacidade de improvisar diante das
circunstâncias econômicas, politicas e sociais do mundo atual tem sido uma
forma de envolver novas lideranças juvenis.
Neste âmbito de mudanças de comportamentos e do
surgimento de novas concepções de atuação política, a juventude se apresenta
como elemento fundamental para os processos de transformação social num mundo
globalizado e multicultural. Não somente no que tange as iniciativas de
mobilização social, mas também pela urgência de ações ideológicas que
compreendam o conceito de uma cidadania global.
Quando citamos o termo cidadania global, estamos
nos referindo à revisão de valores e princípios que busquem de algum modo dar relevância
a elementos fundamentais para a convivência dos povos, tais como: a importância
dos Direitos Humanos como forma de valorização da autonomia, da diversidade e
do respeito ao indivíduo dentro da coletividade e da importante consciência de
coletividade no individuo; nos referimos também, a valorização do meio ambiente
como elemento de desenvolvimento econômico, social e cultural, nas relações
entre o homem e a natureza, do resgate e preservação das culturas tradicionais
e da sustentabilidade como principio educacional.
Dentro deste contexto fica cada vez mais clara a
importância dos trabalhos realizados por ONG’s e coletivos culturais que tem a
juventude como principal segmento de atuação. Segundo dados da ABONG –
Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, existem hoje no
Brasil cerca de 338 mil organizações sem fins lucrativos divididas em cinco
categorias: 1. que são privadas, não integram o aparelho do Estado; 2. que não
distribuem eventuais excedentes; 3. que são voluntárias; 4. que possuem
capacidade de autogestão; e, 5. que são institucionalizadas.
No Brasil uma série de ações fomentadas pelo
terceiro setor vem ganhando força no combate a violência e as desigualdades
sociais junto aos jovens de periferia, e também de classe média. Exemplos como
as ações educativas coordenadas pela Eletrocooperativa (Bahia), Movimento Fora
do Eixo (Cuiabá), Duelo de MC`s (Belo Horizonte) e Afrorregae (Rio de Janeiro),
são algumas das inúmeras iniciativas que vem dia a dia lutando para conquistar
a emancipação de jovens que buscam na Cultura sua forma de restituição da
cidadania.
Trabalhar na fronteira da miséria e das
desigualdades sociais é uma características das ONG’s, que embora hajam
situações que destoam da importância deste segmento de ação politica e social,
o terceiro setor ainda é uma das vias mais saudáveis para o trabalho voltado a
transformação social da juventude brasileira.
A valorização da diversidade cultural, o combate as
desigualdades, a proteção do meio ambiente, e a defesa dos Direitos Humanos tem
sido eixo de diversas ações focadas na aproximação dos povos e na construção de
diálogo entre culturas e dos trabalhos desenvolvidos pelo Terceiro Setor.
Deste modo, a capacidade de improvisar diante das
circunstâncias econômicas, politicas e sociais do mundo atual, atuar junto às
organizações não governamentais tem sido uma forma de envolver novas lideranças
juvenis e produtores culturais, catalisando sua capacidade de atuar num
contexto global estimulando e fortalecendo as potencialidades criativas em cada
região utilizando o terceiro setor como ambiente de trabalho e mobilização
social. Acreditamos que um novo mundo é possível, mas mais possíveis são nossas
atitudes para transformá-lo com sensibilidade, diálogo e coerência.
*Helder Quiroga é coordenador da ONG
Contato, Belo Horizonte – Brasil
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