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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Grandes Temas Também São Assuntos de Jovem

Joanna Paroli*

Candidaturas jovens

Os processos eleitorais são espaços de disputa de opinião e valores. De modo geral, candidaturas (e gestões) de esquerda cumprem um papel muito especial, o de desenvolver consciência popular anti-neoliberal, aglutinar pessoas a partir da defesa do fortalecimento da esfera pública e das pautas mais libertárias e coletivas. 

Candidaturas jovens, que também podem expressar essa tarefa, são relevantes por três elementos: redimensionam a representação de um segmento como o de juventude, já que temos cerca de 52 milhões de jovens na faixa entre 14 e 29 anos; trazem consigo a ideia de ré encantamento pela política, importante em tempos de novas formas de organização das juventudes; são as porta-vozes da bandeira da nova cultura política, de renovação de métodos. 

Sabendo que hoje os jovens são mais otimistas e reconhecidamente o principal elo de contato entre os diversos grupos sociais, ter mais candidaturas jovens significa dialogar e influenciar positivamente um número maior de pessoas, é criar mais empatia pela política, principalmente entre os/as jovens.

Avanços políticos e culturais

Os jovens sempre foram os principais atores sociais de um povo. A história do Brasil, nos principais eventos que construíram sua identidade e memória, por exemplo, não poderia ser contada longe da perspectiva da juventude. Colocar o jovem como agente e objeto dessa disputa ideológica atual simbolizaria desconstruir a política (como a qual concebemos hoje) e torná-la mais dinâmica e inclusiva. 

O jovem brasileiro discute com muito afinco a temática da democratização do poder, da necessidade de mais instrumentos para o protagonismo, empoderamento e participação popular. Além disso, o que está em jogo para a juventude brasileira é como amadurecer a nossa vida em comunidade, rejeitando o racismo, sexismo e homofobia, enfrentando o debate da mercantilização da vida.

Sobretudo, aliado a todos esses aspectos já mencionados, o jovem brasileiro tem muito desejo e vontade de transformação. A esperança, que às vezes esmorece após longo tempo de luta política, transborda na juventude. E essa é a sua principal ferramenta. As maiores dificuldades para a ampliação e viabilidade das candidaturas jovens são a falta de estímulo dos Diretórios Municipal e Estadual; pouco investimento em formação de lideranças jovens; frágeis estruturas de campanha. Precisamos mexer nessas três características.

Grandes temas locais X políticas públicas de juventude

É fundamental encontrar um eixo que agregue as principais temáticas, fugindo dessa dicotomia, porque elas devem ser transversais. Além disso, é preciso afirmar que os grandes temas também são assunto de jovem. Então, nossos/as candidatos/as jovens devem empreender uma ação combinada, ressignificando as principais pautas em discussão no país, como educação e trabalho, e relacioná-las com os anseios da juventude. Isso não gera contradição, pelo contrário, soma forças e produz uma agenda convergente entre os diversos atores. 

Entretanto, se não forem as candidaturas jovens a pautar uma discussão focada na condição juvenil e suas políticas específicas, será que teremos o mesmo alcance e resultado? Não. Podemos contar com aliados/as, mas, no final das contas, seremos nós a disputar o espaço a ser destinado às PPJs. Portanto, é central que as candidaturas jovens dialoguem a nossa pauta, sejam aqueles e aquelas que criem referência nessa discussão e, consequentemente, conquistem mais avanços.

Juventude e PT

Os esforços que temos feito, na Secretaria Nacional da Juventude do PT e no GT Eleitoral, caminham no sentido de criar uma identidade para as candidaturas jovens do PT. Creio que nossa tarefa é traduzir anos de acúmulo nas lutas sociais juvenis, na discussão sobre PPJ no governo federal e nas tarefas partidárias, em plataforma política que tenha muito conteúdo para disputar a juventude brasileira.

Queremos candidaturas e parlamentares jovens que tenham conexão com nossa identidade socialista, comprometidos com a defesa da democracia participativa e das discussões que são características do PT, como o feminismo. Tivemos inúmeros e recentes espaços para encontrar uma gramática contemporânea para a juventude petista, como o nosso II Congresso e a Conferência de Juventude. 

No processo que temos chamado de revolução democrática e na disputa de hegemonia colocada à esquerda brasileira, a juventude tem papel central e é somente com a conjunção de nossas tarefas institucionais ao fortalecimento de nossa ação nos movimentos sociais, que conseguiremos superar os nossos desafios.

No geral, o que é concreto para nossas candidaturas jovens apresentarem é uma plataforma de esquerda, antenada às políticas acertadas que promovemos nas administrações petistas, com destaque ao fortalecimento da esfera pública contra a hegemonia mercantil e à luta pelo combate às desigualdades sociais.

Desafios em 2012

Nas eleições de 2008, o PT lançou 3.181 jovens candidatos às Câmaras Municipais. Destes, apenas 373 foram eleitos, e menos de 10% são mulheres. Mais um adendo para ilustração: são 417 municípios, só no estado da Bahia! Esses dados mostram que ainda estamos longe de alcançar o patamar que queremos. Nossa meta é dobrar esses números, pelo menos, além de termos mais mulheres, negros e negras como candidatos/as jovens. 

Programa de governo

O PT tem programa de governo contundente para apresentar na disputa eleitoral. Para as candidaturas jovens, é interessante produzir uma plataforma de campanha que dialogue com a defesa do direito de viver a juventude. Esse é um mote amplo, um eixo que permite articular desde as grandes temáticas locais àquelas mais gerais, sobre desenvolvimento econômico ou a vida das mulheres. 

Nos municípios, é central para a juventude a garantia de educação pública de qualidade, trabalho decente, acesso aos bens culturais, lazer, esportes, combate à violência e mobilidade urbana. Além disso, é preciso ganhar a disputa pela democracia participativa e seus instrumentos, como o orçamento participativo. 

O/A jovem brasileiro/a quer influenciar, ser agente político nas decisões que mexem com a sua rotina e a de sua cidade. No geral, o que é concreto para nossas candidaturas jovens apresentarem é uma plataforma de esquerda, antenada às políticas acertadas que promovemos nas administrações petistas, com destaque ao fortalecimento da esfera pública contra a hegemonia mercantil e à luta pelo combate às desigualdades sociais.


*Secretária Nacional Adjunta da Juventude do PT e coordenadora-geral do Grupo de Trabalho Eleitoral da Juventude Petista analisa os desafios das candidaturas jovens do partido.

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