Joanna Paroli*
Candidaturas jovens
Os processos eleitorais são
espaços de disputa de opinião e valores. De modo geral, candidaturas (e
gestões) de esquerda cumprem um papel muito especial, o de desenvolver
consciência popular anti-neoliberal, aglutinar pessoas a partir da defesa do
fortalecimento da esfera pública e das pautas mais libertárias e coletivas.
Candidaturas jovens, que também podem expressar essa tarefa, são relevantes por
três elementos: redimensionam a representação de um segmento como o de
juventude, já que temos cerca de 52 milhões de jovens na faixa entre 14 e 29
anos; trazem consigo a ideia de ré encantamento pela política, importante em
tempos de novas formas de organização das juventudes; são as porta-vozes da
bandeira da nova cultura política, de renovação de métodos.
Sabendo que hoje os
jovens são mais otimistas e reconhecidamente o principal elo de contato entre
os diversos grupos sociais, ter mais candidaturas jovens significa dialogar e
influenciar positivamente um número maior de pessoas, é criar mais empatia pela
política, principalmente entre os/as jovens.
Avanços políticos e culturais
Os jovens sempre foram os
principais atores sociais de um povo. A história do Brasil, nos principais
eventos que construíram sua identidade e memória, por exemplo, não poderia ser
contada longe da perspectiva da juventude. Colocar o jovem como agente e objeto
dessa disputa ideológica atual simbolizaria desconstruir a política (como a
qual concebemos hoje) e torná-la mais dinâmica e inclusiva.
O jovem brasileiro
discute com muito afinco a temática da democratização do poder, da necessidade
de mais instrumentos para o protagonismo, empoderamento e participação popular.
Além disso, o que está em jogo para a juventude brasileira é como amadurecer a
nossa vida em comunidade, rejeitando o racismo, sexismo e homofobia,
enfrentando o debate da mercantilização da vida.
Sobretudo, aliado a todos
esses aspectos já mencionados, o jovem brasileiro tem muito desejo e vontade de
transformação. A esperança, que às vezes esmorece após longo tempo de luta
política, transborda na juventude. E essa é a sua principal ferramenta. As
maiores dificuldades para a ampliação e viabilidade das candidaturas jovens são
a falta de estímulo dos Diretórios Municipal e Estadual; pouco investimento em
formação de lideranças jovens; frágeis estruturas de campanha. Precisamos mexer
nessas três características.
Grandes temas locais X políticas
públicas de juventude
É fundamental encontrar um eixo
que agregue as principais temáticas, fugindo dessa dicotomia, porque elas devem
ser transversais. Além disso, é preciso afirmar que os grandes temas também são
assunto de jovem. Então, nossos/as candidatos/as jovens devem empreender uma
ação combinada, ressignificando as principais pautas em discussão no país, como
educação e trabalho, e relacioná-las com os anseios da juventude. Isso não gera
contradição, pelo contrário, soma forças e produz uma agenda convergente entre
os diversos atores.
Entretanto, se não forem as candidaturas jovens a pautar
uma discussão focada na condição juvenil e suas políticas específicas, será que
teremos o mesmo alcance e resultado? Não. Podemos contar com aliados/as, mas,
no final das contas, seremos nós a disputar o espaço a ser destinado às PPJs.
Portanto, é central que as candidaturas jovens dialoguem a nossa pauta, sejam
aqueles e aquelas que criem referência nessa discussão e, consequentemente,
conquistem mais avanços.
Juventude e PT
Os esforços que temos feito, na
Secretaria Nacional da Juventude do PT e no GT Eleitoral, caminham no sentido
de criar uma identidade para as candidaturas jovens do PT. Creio que nossa
tarefa é traduzir anos de acúmulo nas lutas sociais juvenis, na discussão sobre
PPJ no governo federal e nas tarefas partidárias, em plataforma política que
tenha muito conteúdo para disputar a juventude brasileira.
Queremos
candidaturas e parlamentares jovens que tenham conexão com nossa identidade
socialista, comprometidos com a defesa da democracia participativa e das
discussões que são características do PT, como o feminismo. Tivemos inúmeros e
recentes espaços para encontrar uma gramática contemporânea para a juventude
petista, como o nosso II Congresso e a Conferência de Juventude.
No processo
que temos chamado de revolução democrática e na disputa de hegemonia colocada à
esquerda brasileira, a juventude tem papel central e é somente com a conjunção
de nossas tarefas institucionais ao fortalecimento de nossa ação nos movimentos
sociais, que conseguiremos superar os nossos desafios.
No geral, o que é
concreto para nossas candidaturas jovens apresentarem é uma plataforma de
esquerda, antenada às políticas acertadas que promovemos nas administrações
petistas, com destaque ao fortalecimento da esfera pública contra a hegemonia
mercantil e à luta pelo combate às desigualdades sociais.
Desafios em 2012
Nas eleições de 2008, o PT lançou
3.181 jovens candidatos às Câmaras Municipais. Destes, apenas 373 foram
eleitos, e menos de 10% são mulheres. Mais um adendo para ilustração: são 417
municípios, só no estado da Bahia! Esses dados mostram que ainda estamos longe
de alcançar o patamar que queremos. Nossa meta é dobrar esses números, pelo
menos, além de termos mais mulheres, negros e negras como candidatos/as jovens.
Programa de governo
O PT tem programa de governo
contundente para apresentar na disputa eleitoral. Para as candidaturas jovens,
é interessante produzir uma plataforma de campanha que dialogue com a defesa do
direito de viver a juventude. Esse é um mote amplo, um eixo que permite
articular desde as grandes temáticas locais àquelas mais gerais, sobre
desenvolvimento econômico ou a vida das mulheres.
Nos municípios, é central
para a juventude a garantia de educação pública de qualidade, trabalho decente,
acesso aos bens culturais, lazer, esportes, combate à violência e mobilidade
urbana. Além disso, é preciso ganhar a disputa pela democracia participativa e
seus instrumentos, como o orçamento participativo.
O/A jovem brasileiro/a quer
influenciar, ser agente político nas decisões que mexem com a sua rotina e a de
sua cidade. No geral, o que é concreto para nossas candidaturas jovens apresentarem
é uma plataforma de esquerda, antenada às políticas acertadas que promovemos
nas administrações petistas, com destaque ao fortalecimento da esfera pública
contra a hegemonia mercantil e à luta pelo combate às desigualdades sociais.
*Secretária Nacional Adjunta da
Juventude do PT e coordenadora-geral do Grupo de Trabalho Eleitoral da
Juventude Petista analisa os desafios das candidaturas jovens do partido.
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