O administrador de uma
pequena vila boliviana instalada em Xapuri ainda dormia quando Plácido de
Castro entrou no prédio da intendência do local na madrugada do dia 6 de agosto
de 1902, data em que a Bolívia e seus moradores comemorariam com festa o dia da
independência do país. Na vila não seria diferente.
Sonolento, ao ouvir
barulhos e se deparar com um homem na sua frente, o intendente afirma: “É cedo
para a festa”, ao que Plácido responde: “Não é festa, mas revolução”. Sem
nenhum tiro dado e nenhuma vida perdida, os seringueiros tomaram Xapuri dos
bolivianos e novamente foi proclamado o Estado Independente do Acre - a exemplo
do que fizera Luiz Galvez três anos antes.
As informações sobre o
grande feito de Plácido correu floresta adentro, chegando a outros seringais e
instalações bolivianas. Finalmente os seringueiros passaram a confiar no
recém-chegado comandante de guerra. O episódio ficou marcado como a luta
símbolo do processo de anexação do Acre ao Brasil. Assim, adotou-se o 6 de
agosto como a data oficial da chamada Revolução Acreana.
Mas a data é mais simbólica do que efetiva. As lutas para tornar o Acre território brasileiro começou antes, com José de Carvalho, Luiz Galvez e com a expedição dos poetas. A fase de Plácido é apenas um dos quatro movimentos da revolução e marca o início da última etapa.
O fato é que a luta
para barrar a tentativa de domínio boliviano por estas terras começou em maio
de 1899 com o cearense José de Carvalho e finalizou apenas em janeiro de 1903,
com Plácido, após a tomada de Puerto Alonso – antiga denominação para o atual
município de Porto Acre.
Plácido era apenas
mais um entre tantos heróis. Junto a ele, centenas de trabalhadores, em maior
parcela nordestinos, pegaram em armas e lutaram e construíram a revolução.
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