Por Emir Sader
As políticas externa e interna estão estreitamente
associadas. Uma define o lugar do país no mundo, a outra, a relação com as
forças internas.
A política externa de subordinação absoluta aos EUA da
parte do governo FHC se correspondia estreitamente com o modelo neoliberal no
plano interno. A política externa soberana do governo Lula se relaciona
indissoluvelmente com o modelo interno de expansão econômica com distribuição
de renda e ampliação do mercado interno de consumo popular.
Significativo o silêncio dos candidatos da oposição
sobre política exterior, do Mercosul aos Brics, passando por Unasul, Celac,
Banco do Sul, Conselho Sulamericano de Defesa. De repente, talvez revelando
excessiva confiança nas pesquisas, a Marina lança os primeiros itens do seu
programa, incluindo política externa e seus desdobramentos.
Lança a idéia de baixar o perfil do Mercosul, velho
sonho acalentado pelos entreguistas locais e pelos governos dos EUA.
Como contrapartida, o programa dos marinecos destaca a
importância que daria a acordos bilaterais. Ninguém tem dúvida de que ela se
refere primordialmente a algum tipo de Tratado bilateral com os EUA, projeto do
governo FHC que foi sepultado pelo governo Lula.
Pode-se imaginar as projeções dessa postura proposta
pela Marina para outros temas, como Unasul, Celac e Brics. Significaria
estender esse perfil baixo para essas outras instituições justamente no momento
em que os Brics fundaram novas instituições, que projetam um mundo multipolar,
e o Mercosul e Unasul retomam uma dinâmica de fortalecimento.
É tudo o que os EUA gostariam: deslocar o Brasil, país
chaves nessas novas configurações de força no plano internacional, para voltar
a ser um aliado subalterno deles e porta voz das suas posições, hoje tão
isoladas. Dar golpes mortais no Mersosul e na Unsaul, enfraquecer as posições
dos Brics.
A equipe de direção do programa da Marina é
inquestionavelmente neoliberal: Andre Lara Resende, Neca Setubal, Eduardo
Gianetti da Fonseca, Neca Setubal. A independência (do governo e dos interesses
públicos) do Banco Central (e sua subordinação aos bancos privados) desenha uma
política interna em consonância com acordos bilaterais com os EUA, em que entre
o pré-sal como espaço de uma nova aliança subordinada com o império dos EUA.
Não contente de ser guindada à candidata da direita
brasileira, Marina assume também a representação do capital financeiro
internacional e do império norteamericano. Mostra a que veio.
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